Por Luciana Adorno Rios
Muito me questionaram quando decidi parar seis meses da minha graduação em Direito, e ir me aventurar pela Europa. Escolhi estudar em Coimbra, Portugal, pela facilidade linguística, além da mesma ter grande renome na área por ser a casa do grande mestre Canotilho.
Alguns afirmaram que eu prejudicaria o andamento do curso e meu ingresso na vida profissional.
Bem, estavam todos errados.
Creio que seja indescritível a experiência que tive, mas tenho certeza que não sou a mesma pessoa, voltei incrivelmente motivada, meu rendimento acadêmico se superou e os planos para minha vida pós a graduação se expandiram.
Em Portugal tive oportunidade de conhecer diversas culturas, fazer amigos de diferentes partes do mundo, e o mais importante, olhar criticamente para o ensino do Direito no Brasil. Em Coimbra o ensino não é mecânico, e devemos nos dedicar 5h por semana para cada disciplina, divididas em aulas teóricas e práticas. A carga de leitura é imensa, e não é atoa que quando as aulas acabam, os alunos tem em média um mês para estudarem a matéria do semestre (podendo haver opções de avaliações contínuas, mas que irá depender do professor).
Os professores são extremamente solenes e o respeito presa dentro de sala de aula. Não há o "entra e sai", não há as conversas paralelas (salvo quando um bando de brasileiros se juntam, dai trazem consigo a péssima educação recebida no país de origem). Respeito esse que raramente tenho visto na minha universidade.
Estudar Direito não é apenas decorar o código, pois o que se falta no Brasil é justamente um ensino jurídico mais crítico, relativizar o que estamos aprendendo e ensinando e ver se o objetivo principal da Ciência do Direito é alcançado.
Em Portugal há poucas mudanças legislativas, mas lá existe um "super direito" que advém da União Européia. As diretivas devem ser transpostas, para garantir a igualdade entre os cidadão membros da UE. E talvez seja mais revoltante perceber o quanto o DIREITO FUNCIONA lá fora, e aqui no Brasil, temos a sensação de impunidade e de que a Constituição não passa de letra morta.
Quando se estuda fora, você percebe o quão o seu universo é pequeno, o quanto o mundo é imenso, e o que realmente significa ser cidadão do mundo. E já começa a traçar planos... eu quero voltar!!!
Sem entrar muito em detalhes, creio que quem opta por estudar fora nunca atrasa a vida, ao contrário, é sempre uma oportunidade de crescimento!
Você volta mais crítico e principalmente mais exigente.
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